sábado, 29 de outubro de 2011

A saga continua...

Pelos visto, diz o magnífico Secretário de Estado dos Transportes que o passe social poderá em breve ter um preço diferente, calculado de acordo com os rendimentos das pessoas.

Ora bem, mas não serve já o IRS para fazer essa distinção nos rendimentos das famílias?

Desculpem lá, e não querendo de forma alguma hostilizar aqueles que recebem o ordenado mínimo nacional, mas considero estas medidas absolutamente disparatadas.

Pese embora o facto de haver muito boa gente a receber bons ordenados sem os merecer (mas estes por norma também não são abrangidos por este tipo de medidas), tecnicamente se eu recebo mais do que algumas pessoas dever-se-à ao facto de trabalhar mais e maior número de horas do que muita gente, bem como ter um nível de responsabilidade bastante mais elevado.

Podem concordar ou não com isto. Mas a verdade é que se não houvessem diferenças nas diversas funções e actividades, bem como no esforço que cada qual empenhou no seu futuro, então a solução mais simples seria auferirmos todos o mesmo salário (o que prova que, afinal, estes liberais não passam de uns comunas encapotados).

Se para além de pagar mais de IRS do que as pessoas que auferem menos do que eu, também começar a pagar mais por uma multiplicidade de bens e serviços (à imagem desta ideia fantástica para o passe social) feitas as contas ao final do mês, daqui a nada fico a ganhar o mesmo que aqueles que ganhavam, inicialmente, menos do que eu (e que trabalham menos do que eu). 
Limito-me apenas a dar mais dinheiro ao Estado. Ou seja, trabalho mais e tenho mais responsabilidade do que outros apenas para encher o cu ao Estado.

Não sei, mas assim de repente não me parece muito justo. 
Além disso, e à imagem do que já acontece em muitos serviços onde é tido em conta o rendimento das pessoas, basicamente o que vai acontecer é que toda aquela gente que declara apenas metade ou um terço do que ganha vai sair a lucrar, e os desgraçados que não têm como fugir cá ficam a pagar a factura como sempre.

Que queiram isentar algumas pessoas ao pagamento de passes ou permitir descontos maiores a certas pessoas com determinados rendimentos, acho bem. Mas isso não é a mesma coisa que começarmos todos a pagar o passe em função dos nossos rendimentos.
Além de que aqueles que ganham mesmo bem não andam de transportes públicos.
Então e porque é que não começam também a cobrar a quem entra de carro no centro de Lisboa?

Em suma, só me ocorre dizer que todas estas medidas só conduzem a um destino, acabar com a classe média, sobrando apenas a baixa e a alta.

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