terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eu juro que me tento abstrair...mas não consigo...

Eu tento, a sério que tento. Esforço-me para curar esta "doença" politico económica que teimou em alapar-se na minha pessoa. Mas não dá. 

Depois de mais um dia a ouvir e ler vários comentários sobre as mais recentes medidas do governo, decidi mandar também o meu "bitaite".

Sem prejuízo do que disse neste post, e voltando a afirmar (para que não fiquem dúvidas no ar) que considero estas medidas de uma brutalidade extrema, gostaria, no entanto, de fazer alguns apontamentos.

Ora bem, tenho lido e ouvido que este corte nos subsídios da FP são injustos, que a FP não pode ser o eterno saco de boxe do governo, que a aplicação deste tipo de medidas, a existir, deveria ser para todos, públicos e privados. E é neste último argumento que eu gostaria de salientar alguns pontos, sem estar com isto a querer puxar a brasa à minha sardinha.

O estado têm 2 grandes formas de diminuir o buraco orçamental. O corte na despesa e o aumento das receitas. E parece-me a mim que já todos estamos a pagar no peditório do aumento das receitas quando vemos as taxas de IRS e IVA a aumentarem, quando cortam nas deduções fiscais, quando aumentam os transportes e por aí fora. 
Então e no corte da despesa? Também temos todos de contribuir, se uns "pesam" mais do que outros? Sendo certo que, em certa medida, também pagamos todos nesse peditório graças aos cortes efectuados na saúde, na educação entre outras medidas. 
Um imposto nos subsídios dos privados seria apenas, mais um, aumento de receita e não um corte na despesa. Se as medidas têm de ser em ambos os lados, será apenas normal, que aqueles que se encontrem do lado da despesa vejam cortes distintos dos que não se encontram nesse mesmo lado.

Não querendo ser má, mas quando o sector privado sofre cortes o sector público não se ressente com esses cortes.

Quando no sector privado a crise aperta e os lucros descem as medidas de contenção e austeridade são sempre as mesmas. Cortar no pessoal. 

Como todos saberão no sector privado, sempre que o cerco aperta, despedem-se pessoas. Sofrem os que ficam sem emprego (a taxa de aproximadamente 13% de desemprego vêm de algum lado) e sofrem os que lá ficam, porque onde antigamente trabalhavam 5 pessoas (e nenhuma delas passava o dia a jogar cartas) passam a estar 3 para o mesmo volume de trabalho...que em ultima análise se traduz em mais horas de trabalho, não remuneradas. E quem se ressente nessa altura é o sector privado e não o público.

Quando o sector privado paga remunerações abaixo das pagas no público, em funções análogas, que eu saiba a FP não doa parte do seu salário para uniformizar os salários entre público e privado. Quando nos privado não há seguro de saúde o público não cede as suas comparticipações da ADSE para os privados. 

Ora, se pensarmos no estado como uma grande empresa que, face à actual conjuntura económica desgoverno, deixa de ter capacidade de pagar os ordenados e têm, forçosamente, de reduzir custos, seguindo a linha clássica dos privados, optaria por despedir massivamente pessoal. Cortar em milhares de funcionários. 
Julgo que esta medida não traria alegrias a ninguém. Pelo que, face a este panorama, creio que a opção de se cortarem os subsídios, em alternativa ao acima descrito, não será a pior das soluções.

O sector privado há anos que anda a sofrer este tipo de medidas. Simplesmente não se chamam cortes nos subsídios. Chamam-se ordenados miseráveis e completamente desarticulados das habilitações dos funcionários, e chamam-se despedimentos (seja por não renovação dos contratos, por extinção de posto de trabalho ou por despedimentos colectivos).

Se não me falha a memória,  ainda, não há muito tempo atrás, a Auto Europa estabeleceu acordos entre funcionários e entidade patronal, de redução de período laboral (turnos) e salários para se evitarem despedimentos em massa. Seguramente os seus funcionários também não gostaram de perder os seus direitos adquiridos, mas se com isso evitaram que houvessem famílias a passar fome, parece-me uma situação win-win.

Neste caso, e sendo o estado a entidade patronal, será apenas normal que estes acordos sejam entre ele (estado) e os FP, seus funcionários, pelo que não me parece justo chamar para aqui os funcionários do sector privado.

Se podíamos cortar noutro tipo de despesa e "gorduras" do estado? Podíamos. Mas isso daria outro testamento...

4 comentários:

  1. Eu não diria melhor! Concordo com cada parágrafo...

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  2. Tenha lá paciência mas não concordo consigo. Em primeiro lugar o corte nos subsídios de férias e 13º mês não são tecnicamente um "corte", uma redução de custos, um corte nas "gorduras" (odeio o termo), dê-lhe as voltas q lhe dê são um imposto. E isso faz toda a diferença, seguindo o velho princípio aplicado aos impostos do "ou há moralidade ou comem todos". Em segundo lugar, a admnistração do estado, ao contrário do comumente propalado e de acordo com o contacto de balcão com a tipa das finanças ou com o gajo da conservatório do registo predial, é uma coisa altamente especializada e com gente particularmente qualificada. Um prof. universitário, um médico, um magistrado (são uma porcaria, tb sei), um engenheiro, um jurista, sei lá. Só esses representam 60% dos funcionários do estado e esses, em relação aos privados, pois ganham muito menos. Quanto ganha um gerente de um balcão bancário e um chefe de divisão? E um director geral de saúde, por exemplo, e o direstor do hospital da luz? E entre o Director Geral de Impostos e um Administrador do BES, ou da CGD, ou do BPI. Enfim, olhe, sabe? Estamos num colete de forças sem espaço para esbracejar. Aguardemos por domingo e pela Merkel. A ver vamos. Ou então, olhe, como já tamos todos tramados (ia dizer outro vocábulo), bardamerkel para esta merkel toda!

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  3. Falar destas questões gera sp polémica e existem sp pontos de vista distintos.
    Antes de mais quero lembrar q, objectivamente, não concordo com estas medidas, mto menos com a forma como estão a ser aplicadas.
    O serem todos regidos pela mm bitola é um erro, p mim, a questão é mm essa, não somos todos iguais nem vivemos as mm realidades. Sendo certo q não seria viável analisar caso a caso, mas julgo q aplicar a mm regra a todos, neste caso, pode gerar inúmeras injustiças e desigualdades sociais. Não me preocupa q um alto cargo do estado q receba € 10.000,00 por mês veja o seu ordenado bem cortado, já um FP com uma remuneração de € 1.100,00...

    Relativamente à diferença das remunerações praticadas, realmente, não me expliquei bem, mas deverão lembrar-se q eu estou a falar numa posição de raia miúda...n tenho, de facto, dúvidas que os funcionários "de topo" do privado ganham mto acima do público, mas claramente n era a esses q me referia pq em bom rigor esses nunca foram nem são afectados pelos cortes dos privados. Mas no que toca à raia miúda, lamento mas n concordo.

    Qd sai da faculdade concorri a 2 concursos públicos, e pelo simples facto de ser licenciada em nenhum deles o ordenado era inferior a 1.250,00, e posso assegurar-lhe q no privado...a minha remuneração é bem distinta. aliás, no privado, entrei a ganhar inicialmente metade disso (mesmo!)
    E pegando por exemplo nos professores, tenho na minha esfera de relacionamentos próxima, pessoas em ambas as circunstâncias, e posso garantir q os do público, nas mm condições, ganham bastante acima dos privados (até pq se as condições fossem melhores no privado as pessoas n continuariam a concorrer ao público mm depois de efectivarem no privado...)

    Além disso, vai-me desculpar mas n concordo com o argumento "ou há moralidade ou comem todos", pq, e não querendo repisar águas passadas, mas a verdade é q durante anos a fio as condições do público em nada tinham a ver com as do privado, especialmente no que dizia respeito a assistência médica (ADSE - cujos encargos saíam e continuam a sair do bolso de TODOS nós, via impostos, qd apenas uns beneficiam da mesma), e nunca ninguém achou q o sector privado tinha de ter as mm regalias.
    Os funcionários da CP e da Carris tinham passes gratuitos p cônjuges, filhos, pais e até irmãs solteiras como ainda à pouco tempo se publicitou, e isto posso garantir-lhe, da experiência q tenho, q os privados n fazem, mm que facultem alguns benefícios aos seus funcionários relativamente aos seus bens ou serviços, nunca é extensível a este tipo de agregado familiar e raramente é gratuito, pressupõem apenas alguns descontos.

    E mto honestamente, para mim, o corte nos subsidio não é um imposto, é um corte, de facto. Volto a sublinhar, é um corte q está a ser mal feito, mas é um corte. Sendo certo q mto mais havia por onde se cortar sem afectar tanto as famílias.

    Mas volto a lembrar, no privado (e eu já assisti a esta realidade) sp que atravessávamos momentos de crise (sendo q por vezes o conceito crise era mto discutível, a "crise" não passa de uma ligeira redução dos lucros, ainda assim existentes, mas como os sr directores entendiam q n queriam abdicar desse extra, decretavam crise) muita gente ia p a rua. E esse principio n se têm vindo a aplicar ao sector público. O q tb faz toda a diferença. Entre ter menos 2 ordenado p pagar as contas ou não ter nenhum...julgo q todos concordamos na resposta.

    Mas são pontos de vista, e sp considerei saudável q houvessem vários.

    E sim, a vaca da Merkel já ia para a bardamerkel :) essa senhora e o meia leca do franciú é q andam a lixar (com F grande) isto tudo.

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  4. : )
    Em resumo, não são eles q ganham muito, a gente é q ganha pouco.
    E, se ouviu as notícias, o ziguezaguear da nossa querida Merkel, é domingo, não, já não é domingo, pois, é domingo e quarta, deixam-me ainda mais preocupado.
    Haja saúde.

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