segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sobre as privatizações...

É só a mim que este fenómeno das privatizações causa uma certa urticaria?

A sério! Eu consigo tentar compreender que em alturas de crise se recorra à privatização. É uma forma legitima de injectar capital no Estado.

Compreendo também que, salvo raras excepções, ninguém estará interessado em comprar uma empresa que dê prejuízos. Mas privatizar a AdP, a EDP, a REN? Não é assim a modos que dar um tiro no pé?

Por partes,

teorias, como a que ouvi da boca do nosso PR, de que as privatizações podem ser boas soluções porque se traduzem em capital estrangeiro investido no nosso País, claramente, não fazem sentido para mim.
Não querendo questionar as qualidades de economista do senhor, mas...ainda que no curto prazo isso seja verdade no médio e longo prazo isso são balelas.

Um investidor estrangeiro que se preze, assim que os lucros começarem a "pingar", vai agarrar neles e exportá-los.
Será mais do que expectável que qualquer "privatizador" pegue nos seus lucruzinhos e, depois de criar uma SGPS - que tornará accionista - na Holanda ou no Luxemburgo, os transfira para lá sem passar na casa da partida, que é como quem diz, sem sequer pagar imposto em solo nacional (o nosso). Em bom rigor nem sequer os posso censurar, eu faria o mesmo.
Pelo que não compreendo exactamente onde é que é que estas medidas se traduzem em algo positivo para Portugal.

Ponto dois,

Será prudente entregar uma empresa como a AdP nas mãos de um investidor estrangeiro?
Então e daqui a 1,2,3 anos, quando o seu novo "dono" e controlador decidir praticar o preço que bem lhe apetecer, como vai ser? Ficamos simplesmente à mercê dos caprichos de um qualquer investidor estrangeiro?
Ou será que nessa altura, e depois de a ter vendido por tuta e meia, o Estado se vai propor a comprá-la ao quíntuplo do preço a que a vendeu?
Ou será que, em alternativa, vamos todos fazer um furo em casa?

Bem sei que sou mau feitio, mas parece-me descabido.

Além disso, e como diria o gajo cá de casa, com a devida razão, não é suposto determinado tipo de bens e serviços serem controlados pelo Estado? No limite, nem que seja por questões de segurança e defesa do País.

E se de repente rebenta um qualquer conflito e por azar calhamos a estar no lado oposto a quem nos andou a privatizar? Não será arriscado?

Sou só eu que penso assim? Serei, simplesmente, paranóica? 
Anyone?

Sem comentários:

Enviar um comentário