terça-feira, 16 de setembro de 2014

Porque este país tem demasiados pedantes

No outro dia li uma reportagem de uma portuguesa, emigrada na Holanda, que se deparava com um "regresso às aulas" dos seus filhos bem diferente do que estava habituada aqui em Portugal.

Dizia ela que lá não havia o drama da pipa de massa que se ia gastar nos livros porque os mesmos são cedidos pelas próprias escolas aos alunos. 
Estes têm apenas de fazer bom uso dos mesmos e procurar devolvê-los, no final do ano, o mais próximo possível do estado em que lhes foram entregues. Sendo que a entrega de livros visivelmente danificados por má utilização poderá implicar o pagamento dos mesmos (que na minha opinião é uma excelente pedagogia e incentivo para ensinar a miudagem a estimar as coisas, mas e daí, quem sou eu para saber disto).

Em Portugal? Em Portugal os livros alteram-se praticamente todos os anos lectivos (não dando nem para passar de irmão para irmão) e são inclusive diferentes de escola para escola (dentro do mesmo concelho, aliás, com uma distancia de 1km uma da outra, segundo soube hoje) e os únicos que andam com livros usados são os que beneficiam do SASE ( não sei sequer se ainda existe, era assim na minha altura...many, many years ago) e esses, esses são os pobrezinhos que vivem com dificuldades! 

E é tão triste que assim seja. É tão triste que se pense assim.
E é por isto que este país nunca sairá da cepa torta.
É por termos pessoas que se sentiriam ultrajadas se os filhos tivessem de usar livros já usados por outros. Pessoas que correriam a dizer "mas eu tenho possibilidades e quero comprar livros novos! Usem esses para quem necessita mesmo!" tentando mascarar o ultraje em altruísmo, não compreendendo que esse tipo de atitudes é que cria fosso entre as pessoas, os que podem e os que não podem, os ricos e os pobrezinhos. 
Não compreendendo que iríamos todos beneficiar com uma medida destas, e não só pelo aspecto financeiro!
Pessoas que não compreendem que o melhor para os filhos não passa propriamente por ter livros a estrear todos os anos lectivos (que são posteriormente encafuados numa arrecadação qualquer), cadernos novos, malas e estojos novos, and so on.

E isso entristece-me.

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