Não deixo de me intrigar...

No mesmo dia em que anunciaram que José Sócrates ia ser comentador na RTP recebi um mail com uma petição contra o senhor, enquanto comentador, que optei por ignorar.
 
Poucas horas depois, li que já havia outra a favor. Li também que a petição contra já contava com não sei quantas mil assinaturas.

Naturalmente que hoje, e depois da notícia de ontem do ex-espião, aguardei, ansiosamente, receber um mail de natureza similar ao acima mencionado. Bem que fiz F5 várias vezes, mas nada. Não chegou.

Por acaso, entretanto já fui pesquisar, e até já há umas "petiçõezitas" sobre o tema, mas muito longe de chegarem às 150 mil assinaturas, ou lá o que é.

Entretanto vi imagens da "manifestação" que está a decorrer à porta da RTP.

Olhando para isto, resta-me apenas concluir que tudo isto espelha muito sobre o nosso país.

Eu até compreendo a ira contra o Sócrates. A sério que sim. Sou, em parte, solidária até. Porém, também devo lembrar que existe algo que dá pelo nome de liberdade de expressão.
Além disso, já houveram muitos comentadores e entrevistados que, por mim, bem que podiam ser afogados, mas a verdade é que também lhes foi dado tempo de antena.

Se gosto de ter o Sócrates como comentador na RTP (e assumindo que o "a custo zero" é verdade)? 
Honestamente, acho um pouco desagradável e com algum mau gosto, no momento em que estamos. Mas não passa disso.

Mas voltando à vaca fria, que já me estou a perder...
A mim o que me incómoda mesmo é ver que milhares de pessoas se mobilizam (ainda que via petição) contra um tipo que, por muita merda que possa ter feito e por muito que fosse legitimo ser chamado à responsabilidade nalguns pontos, hoje em dia não é mais do que um "comentador" a quem, teoricamente, Nós não pagamos ordenado.
E, on the other hand, aparentemente, está-se tudo a cagar para o facto de termos um...hum...individuo, como o Silva Carvalho, a ir para a Presidência do Conselho de Ministros, a ser pago por Nós, e pelos vistos com direito a retroactivos e tudo. 

Não sei, mas num dia de rescaldo de uma notícia destas, com ou sem entrevista do "comentador" Sócrates, esperava que as pessoas se conseguissem insurgir, no mínimo de igual forma, com ambas as situações.
Mas não. Pelos vistos não.