terça-feira, 26 de março de 2013

Porque nos dias em que estou com (mais) mau feitio me dá para dissertar...

Gosto das reacções ao que se está a passar no Chipre (lamento, em Chipre não me soa bem). 
E não me refiro aos comentários na comunicação social ou dos altos cargos da UE e do estado. Gosto mesmo é de ouvir o "povinho" a malta nos trabalhos, nos cafés, nos transportes and so on.
É uma (espécie de) experiência sociológica altamente interessante.

E hoje gostei muito de ouvir (NOT) malta a dizer pérolas coisas do género "ah mas estás preocupada? (na hipotética situação de acontecer também por cá) Tens 100 mil euros no banco?"
E em resposta ao "não interessa se são pobres ou não, ou se lhes faz falta ou não. O dinheiro é das pessoas e isto não é correcto", ouvir "ah, deves, sim porque têm 100 mil no banco mas deve ser com o suor do trabalho queres ver"

Epá fooooo dasssss. Para mim isto é, mais ou menos, assim, com suor ou sem suor, a fazer falta ou não, o dinheiro é das pessoas e isto é um assalto.

Ora bem, eu não faço a mais pequena ideia do que é ter 100 mil euros no banco. Nunca os tive, lamentavelmente, mas e daí eu também tenho pouco mais de 30 anos e uma casa para pagar. Além disso nasci, claramente, na década errada (e na família com apelido errado também).

Mas quero acreditar que possa haver muita gente que o tem porque trabalhou e poupou para o ter (tivessem ou não bons ordenados). 
Haverá quem o tenha devido a esquemas? Talvez. Sinceramente, acredito que se estivermos a falar de malta com esquemas à séria muito provavelmente deverão haver outros paraísos fiscais muito mais atractivos e onde seguramente há muito que lá metem as suas "poupanças".

Anyway, a verdade é que poderá haver muita gente detentora de quantias dessas porque o herdou, porque vendeu uma casa, porque, fruto do seu árduo trabalho, poupou e amealhou tudo, em vez de andar a rebentar em grandes carros, casas, jantares, telemóveis de ultima gama, sapatos, viagens...ou o que fosse. Acreditem ou não, há quem seja poupado por natureza. Ou fuinha, se preferirem. A realidade é que o dinheiro é das pessoas, e causa-me algum asco ouvir pessoas dizerem "ah deixa lá, não tenhas pena deles".

Claro que do ponto de vista social acho, no mínimo, decente que a medida não se aplique de igual forma a pessoas com depósitos de 1.000,00 ou 5.000,00 euros. Naturalmente, estaremos a falar de realidades diferentes. Mas ainda assim, não deixa de não ser uma medida indecente. 

A dada altura já só me apetecia perguntar "mas isso é tudo inveja porque não têm 100 mil euros no banco, é?"

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