Se há coisa que eu aprecio no português (not) é o chico-espertismo. Temos todos a mania que somos muita espertos, e sempre mais espertos que o próximo.
Não necessitamos de nos informar sobre nada porque sabemos tudo. Conhecemos sempre alguém que conhece alguém e que nos disse.
Podemos ser sapateiros mas passamos a vida a discutir com os especialistas das mais diversas áreas. Tipo, podes ser fiscalista mas eu é que sei o que posso meter no IRS porque a minha vizinha de baixo contou-me uma história que se passou com ela e por isso sei que o que dizes não pode estar correcto. Podes ser advogado mas, contrariamente ao que afirmas, eu sei que isso não é legal porque ouvi no café.
Basicamente, somos os maiores. Não necessitamos de consultar nem ouvir ninguém. Fazemos o que queremos e como queremos, especialmente sobre aquilo que é nosso.
É, geralmente é assim.
E até parece que estou a ver o filme...
Há uns anos atrás, o senhor Tó meteu na cabeça que a sala deveria ser maior, e agora que os miúdos já saíram de casa nem sequer necessitava daquele quarto a mais, e lá se decidiu lançar à obra.
Chamou uns empreiteiros de categoria (o zé manel lá do bairro que dá uma perninha em tudo) e decidiu partir aquela parede que o impedia de ter uma sala com 40m quadrados.
A Maria ainda disse, - olha lá, mas achas que é seguro mandares isso abaixo? Não será melhor mandar cá vir os "injinheiros" da Câmara? Ou pelo menos perguntar ao vizinho de cima, ouvi dizer que ele há tempos fez umas obras lá em casa.
Mas não, o Tó limitou-se a dizer - Tás parva! Agora queres ver que aqui o Maneli não sabe o que está a fazer não. Chamar os "injinheiros", não tás é boa da cabeça, só se for para me levarem uma pipa de massa e ficarmos aí com obras até morrer. A casa é minha eu faço o que eu quiser. Deixa-te mas é estar sussugadita que isto é coisa de "hómes"...Uns anos depois dá nisto.
Detesto, mania de português, mesmo.
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