sexta-feira, 16 de março de 2012

Dos filhos...(este vai ser extenso)

E antes de mais, não, não estou grávida.

Aliás, nem sequer tenho filhos, e bem sei que por isso muitos me atiram pedras quando teço comentários sobre certos e determinados assuntos, mas, como tou nem aí, cá vai disto.

É certo que não gosto de cuspir para o ar.
E também é certo que, em boa verdade, não tenho a mínima noção do que seja educar uma criança, tratar dela, ter tempo para as suas birras, ter paciência para as aturar todo o santo dia sem as poder trancar na despensa uns minutinhos que sejam. Não sei, é um facto.

No entanto, parece-me a mim que muita gente se escuda nas suas crianças para justificar o seu desempenho e comportamentos profissionais. 

Ai e tal porque eu nunca posso ficar até tarde por causa dos miúdos. Ai porque tenho de ter férias em Agosto por causa das férias dos meninos, e no Carnaval, ah e na Pascoa e Natal também. Ai que não dormi nada por causa do catraio e estou que nem posso. Ai que não vou trabalhar pela quinta vez este mês porque tenho o miúdo ranhoso. Ai que vou só mostrar aqui à colega as fotos do meu rebento. Ai que hoje, tal como nas passadas semanas, vou ter de sair mais cedo porque tenho consulta com os meninos.
Ai que vou só ali passar 30 minutos à conversa sobre as peripécias dos meus "pikenos".

Ora bem, ainda que ache válidos e legítimos alguns dos pontos atrás mencionados, a verdade é que, tendo filhos ou não, you gotta keep your shit together. 
A vida é dura para todos. E em última análise, com ou sem filhos, todos temos uma vida.

Pelo que, se têm filhos e querem estar com eles, e aspiram ou têm um cargo de responsabilidade e chefia, pago a peso de ouro, existem determinadas coisas que, pelo menos em excesso, não são compatíveis. A saber,

- Sair sempre cedinho por causa dos meninos;
- Fazer 2h de almoço diáriamente, quer seja para ir às compras, ao ginásio ou almoçar com amiguinhos;
- Tratar, diáriamente, de assuntos pessoais no trabalho. Tais como, férias, consultas, conversas telefónicas de três quartos de hora com amigos, telefonemas para os colégios dos meninos and so on;
- Passar longos periodos à conversa com outros colegas sobre as mais diversas merdas que nada têm a ver com trabalho;
- Andar o dia todo no facebook;
- Marcar as férias a belo prazer sem preocupações com o trabalho e restantes colegas;
- Passar o dia na net a ver viagens, sites de lojas e afins;
- Ligar de 15 em 15 minutos para os colégios ou para a empregada/ama que está em casa com as crianças;
- Empurrarem o vosso trabalho e as vossas responsabilidades para os "lacaios" - todos aqueles que se se encontram abaixo da vossa cadeia alimentar - que ganham um terço do vosso ordenado;
- Passar a vida a queixarem-se de que estão exaustos;
- Estar sempre a faltar por todo e qualquer pintelhinho;
- Chegar diariamente tarde;

A lista poderia continuar, mas vamos com calma...

Lamento, mas não possível ter o melhor de todos os mundos. Há cedências que têm de ser feitas.

Têm filhos pequenos e querem ou necessitam de sair cedo. Muito bem. Acho legitimo e correcto, mesmo não tendo filhos acho que o tempo despendido com os filhos deve ser uma prioridade. 

Soluções:

1. Não façam, por regra, 2h de almoço. 
2. Dado que, seguramente, as crianças não se devem deitar às 11 da noite, ocasionalmente, poderiam levar algum trabalho para fazerem em casa, quando os miúdos já se encontram a dormir.
3. Passem menos tempo na net e na palheta.
4. Não estejam o dia todo ao telefone com amiguinhos.
5. Não queimem horas de serviço a tratar de merdas pessoais que podem perfeitamente ser tratadas em pós laboral, nomeadamente quando as crianças estão a dormir.

E se ainda assim não estão dispostos a abdicar de nada acham que não dá, então na volta é capaz de ser melhor não se proporem/aceitarem determinados cargos.

E, basicamente, é mais ou menos isto.

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