sábado, 29 de agosto de 2015

Deve ser da idade

Durante anos a fio fui uma privilegiada. Só aos meus 18 anos fui confrontada com a doença, daquela à séria. Só aí assisti à falência de um corpo, ainda antes do funeral.O meu avô, o único que conheci.
Pouco depois foi a minha avó. Sofreu muitos anos de Alzeimer, pelo que aquela morte, na realidade, foi uma espécie de alívio da alma.

Alguns anos mais tarde, a minha outra avó, o último dos avós.  Custou-me mais. Mas caminhava para os 90. Sempre compreendi e aceitei bem a lei da vida, não obstante de, ainda assim, nos custar sempre muito perder aqueles de quem gostamos.

Há uns 5 anos surgiu a primeira morte precoce. Um padrinho, um tio. Demasiado novo. Cancro. Puta de doença esta.

Mas ainda assim, e sendo eu de famílias numerosas, sempre me vi como uma sortuda. Nunca perdi um amigo nem muitos parentes próximos. Nem sequer contactei com situações particularmente delicadas.

Chegou 2015. Mentira. Por acaso começou em 2014, uma semana antes do nascimento do meu filho. Outro nascimento. Um quase sobrinho (não é de sangue mas é de coração). Uma doença degenerativa.
Ultrapassaram. Continuam a ultrapassar. E se Deus quiser, hão-de continuar a ultrapassar por muitos e bons anos.

Entra 2015. Uma doença. Grave, muito grave.
O primeiro funeral de uma criança. Uma morte súbita, sem aviso. Uma mãe, amiga, desfeita, arrasada. E eu sem palavras para lhe dizer.

Uma semana depois, outra criança. Novamente a doença, a puta da doença. Vai ser mais de ano e meio em tratamento. Rezaremos para que seja um final feliz.

Novamente um funeral. Desta vez não era uma criança, mas caramba, 38 anos não é idade para se findar a vida. Uma vez mais...a puta da doença.

O pior, temo que ainda não acabou...aliás, honestamente, no ponto em que estamos, até já só desejo que a coisa seja célere. Sempre acreditei que chega a um ponto que a vida já não é vida. E, infelizmente, já chegámos a esse ponto e daqui em diante vai ser sempre a pique.

Pelo meio deparei-me novamente com o Alzeimer. Mais uma vez demasiado perto. Demasiado triste. Aquilo também não é vida. É triste. É angustiante. Tem momentos em que me corta o ar, de tão angustiante que é.
E com mais um cancro.
Foda-se mais esta puta desta doença.

Vamos à lua, mas ainda não conseguimos acabar com esta maleita.

5 comentários:

  1. Tenho muita dificuldade em falar sobre este tipo de situações.
    Tudo demasisiado triste e doloroso.

    Ainda não se conseguiu acabar com a maleita? Pergunte-se aos comerciantes laboratórios farmacêuticos o que foi feito daquelas descobertas científicas que aniquilavam determinados 'bichos'.

    Boa semana.

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    1. É mm mto triste. Sofrer à espera da morte. Ninguém devia passar por isto.
      Pois...se calhar. Triste mundo este em q a doença é um negócio, e acredito q nem sp a cura seja a solução mais conveniente a quem manda...n sei (eu sou mto dada a teorias da conspiração, é melhor n entrarmos por aí :))
      Obrigado. Boa semana

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  2. Primos de coração. Não de sangue mas de coração. Foi preciso um ir buscar o outro ao hospital. É um dia de cada vez e ter sempre esperança que tudo vao correr bem.

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    1. :) abracinho fofinho
      E vai correr tudo bem, por mtos e longos anos. Bj

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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