quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estar sozinha tem destas coisas...não faço um testamento mas faço um post*

Ainda sobre isto e inspirada pelo post da Rita Maria. Por partes.

1. Não digo que o tempo não seja um factor muito importante quando se tem um filho, especialmente nos dias que correm. Falta o tempo para estar com eles, para os educar e "usufruir" da companhia deles, basicamente, para acompanhar o crescimento deles. Mas falta também tempo para efectuar as tarefas básicas como dar o jantar, dar banho, preparar as coisinhas deles, especialmente porque nos dias que correm, contrariamente ao que se passava antigamente, os avós, muitas das vezes, ainda trabalham, por isso nem sequer podem dar uma mãozinha. E em parecendo que não, faz toda a diferença.

2. Não obstante de que todos os pais que se prezem gostassem de ter mais tempo para estar com os seus filhos, tenho para mim que, presentemente, esse não será o motivo que tem mais peso na decisão de ter ou não um filho. As crianças são adoráveis mas, curto e grosso, saem caras! Claro que ainda assim, seguramente, vale a pena o esforço e o apertar de cinto (pelo menos, eu assim o penso). Mas objectivamente, ter um filho implica gastar uma pipa de massa, especialmente se formos preocupados e lhe quisermos facultar o melhor possível - não me refiro, obviamente, a ter peças de roupa de marca chiquérrima e super cara ou brinquedos em barda, ao limite deles nem conseguirem brincar com tudo o que têm. Refiro-me ao tentar com que eles tenham uma boa educação (escolas, explicações, se for o caso, livros, material escolar em geral...), que pratiquem desportos saudáveis e em grupo, que possam fazer algumas actividades saudáveis e lúdicas (e que implicam pagamento), bons cuidados médicos, entre muitas outras coisas.

3. Sendo certo que tenho ainda mais ideias sobre o tema, mas lá chegaremos  (provavelmente noutro post, podem respirar de alivio!), gostaria ainda de salientar que, na minha opinião, o factor financeiro vs tempo pesa mais nos dias que correm porque as pessoas também têm uma outra mentalidade.
Muitos dos portugueses que se encontram em "idade fértil", vá, ali a chegar aos 30, 30 e poucos, foram educados numa época bem diferente da dos seus pais. Têm (temos, que eu insiro-me nessa faixa) hábitos de vida um pouco mais "luxuosos" (e não estou a falar no disparate de vivermos acima das nossas possibilidades). 
Gostam de ir jantar fora, de comprar sapatos, trocar de carro de 3 em 3 anos, de viajar, de sair à noite, de comprar ipads e iphones de última geração, de ir a concertos e espectáculos, and so on (atenção, acho alguns destes hábitos saudáveis e legítimos). 
Mas para muitos (e aqui já não me insiro), não está em cima da mesa a hipótese de terem filhos e abdicarem de muitas destas coisas. Ok, sair menos sim, porque há putos, mas deixar de comprar as suas roupinhas e gadget não. Naturalmente que, para ter um filho e lhe poder proporcionar todas as coisas boas (porque se há para eles também há para os filhos) e ainda assim manterem este tipo de vida, é necessário pilim, bastante até. Por isso, por muito tempo livre que tenham, se não tiverem o pilim para isso...

4. Expostos os pontos acima, concluo porém que, objectivamente, concordo com a medida. No entanto, acho que esta não será a melhor altura para a meter em prática (mas e daí, também não acredito que ela algum dia saia das ideias e dos discursos para a prática), a menos que me digam que os fundos europeus pensados para o efeito não possam ser canalizados para outros fins (ou meios).
Por outro lado, também não acredito que a ser posta em prática se traduzisse num grande aumento de natalidade (pelos motivos acima indicados).

5. Este deveria ser o ponto em que eu partilhava um outro ângulo desta medida, mas fica mesmo para outro post, que agora dá-me jeito ir fazer o almoço para amanhã.

*Embora ache que um testamento meu, agora, não seria tão extenso. Não tenho assim tanto para deixar...

1 comentário:

  1. O que eu gostava era de perceber este (des)governo! Primeiro cortam em abonos de família, cortam na educação e na saúde, mas afinal querem ir buscar fundos comunitários para que os pais possam trabalhar a part-time? Não entendo...

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