domingo, 19 de junho de 2011

Slut Walk - com desculpas antecipadas porque cheira-me que este vai ser extenso…


Pois bem, não sei se já ouviram falar, mas muito resumidamente trata-se de uma “caminhada”/ manifestação levada a cabo por milhares de mulheres (e alguns homens também) por diversos cantos do Mundo, defendendo que as mulheres se devem poder vestir como bem entenderem, leia-se de forma” provocatória”, sem que isso justifique a violação.

Concordo. Nada justifica tal acto. Nem mesmo a tipa mais galdéria e provocadora do bairro deve ser levada a fazer sexo sem consentimento (violação). Essa é a realidade e até aqui não há qualquer contestação possível. Não é não!

Este movimento nasceu como forma de manifestação contra a declaração de um policia de Toronto, absolutamente cretino, que decidiu “aconselhar” as mulheres a não se vestirem de forma provocatória para não serem violadas.

Ora bem, parece-me a mim que a tónica do problema foi erradamente colocada.

Não considero que o mal esteja em usar decotes até ao umbigo e saias mais pequenas que alguns cintos que tenho. Pessoalmente, posso não achar a coisinha mais estética do mundo, especialmente quando essas peças são envergadas por quem, claramente, não tem corpo para isso, mas tudo bem. Cada qual se deve poder vestir como bem quer e lhe apetece.

Porém, se de alguma forma “critico” algumas mulheres, - e lembro que o facto de as criticar não implica, de forma alguma, que apoie ou sequer condescenda com qualquer acto praticado contra elas ou contra a sua integridade e direitos - sinceramente, critico-as mais pelas atitudes e comportamentos do que pela indumentária com que se encontram.

Já vi muita miúda/mulher giraça vestida de forma bastante atractiva, sexy ou provocatória até, mas cujo a sua forma de estar e comportamento, claramente, não dava margem de manobra para qualquer “incentivo”, para além do “virar de cabeças” ou “parar o trânsito”.

Em oposição já vi muita miúda/mulher que mesmo sem estar vestida “pra matar” se comportava como as meninas do Red Light.

Ou seja, para mim o problema não está nas roupas que escolhem e no quão provocatórias estas são mas sim nos comportamentos de risco que adoptam.

Claro está que por, muito “teaser” que uma tipa decida ser ou ter andado a noite toda dar corda a um determinado fulano, a beber copos à pala, ou no limite se ter estado a roçar nele qual shakira com o cio, isso não implica que na hora do vamos ver ela não tenha o direito de dizer não. É lixado? Talvez. Possivelmente sim. Imagino que deve ser desagradável para um tipo perceber que andou a ser reinado a noite toda. Têm bom remédio, no limite, e se sentir mesmo ofendido/enganado, que a chame de provocadora, ordinária, vaca, puta, whatever, mas fique-se por ai, vire as costas e aprenda a lição para situações futuras.

No entanto, e longe de mim quer justificar, desculpar ou de qualquer forma atenuar a acção horrível que é a violação, de certa forma acho que as mulheres também não se devem desresponsabilizar dos seus actos. Calma, não me apedrejem, não digo isto no sentido causa efeito. A “responsabilização” que lhes atribuo não é no sentido de achar que fizeram por merecer, ou que estavam a pedi-las, nada disso.
Mas sou da opinião que em tudo na vida temos de ter responsabilidade pelos nossos actos. 

Gostaria eu que o mundo fosso bonito e cor-de-rosa, desprovido de maldade de criminalidade e de gente desequilibrada. Oh se gostaria. Mas infelizmente há para ai muita gente apanhada da pinha, e por muito triste que isso seja, também não deixa de ser uma realidade, e acho que nos devemos todos precaver.

Não temos, nem devemos andar de burka mas eventualmente também poderá não ser boa ideia andar a passar cartão a um tipo manhoso, que não conhecemos de lado nenhum, e que tanto pode ser o acólito lá do bairro como o serial killer. Pelo que não será, seguramente, boa ideia se irem enfiar com o referido tipo, que não conhecem, num sítio manhoso e isolado.

No limite, acho que temos de nos lembrar que o ser humano é uma caixinha de surpresas e por baixo de um sorriso pepsodent, abdominais de aço, um bom carro e um ar simpático se pode esconder um tipo perverso, com mau beber, mau feitio e que não aceita que uma miúda se ande a roçar nele a noite toda cheia de conversas badalhocas e depois lhe diga NÃO.

Pese embora o facto de, pessoalmente, não concordar muito com este tipo de comportamentos, não vejo a necessidade/graça de andar a criar falsas espectativas numa pessoa, ainda assim isso não confere ao homem o direito de concretizar as suas intenções à força. É o caso clássico do “temos pena”. Vá comprar a Gina dos tempos modernos e vá para casa brincar sozinho, ou em alternativa pegue nuns cobres e vá às...

Mas se a verdade é que se a maldade e as pessoas perversas existem, não seria então conveniente acautelarmo-nos? Se mesmo já tendo cuidados, uma mulher está sempre exposta a este risco e em qualquer esquina (e por mais tapadinha que ela vá) pode sempre saltar um tarado para a atacar, não será, ainda assim, preferível, e como diria alguém que eu conheço, evitar o estúpido do acidente?

Como tal, acho é que deveriam advertir as miúdas, especialmente as mais jovens -  e são cada vez mais jovens - que a meu ver assumem comportamentos de risco que se traduzem  não em vestir um micro vestido, mas sim em beber desalmadamente perdendo a noção do que estão a fazer e que, depois de se terem “metido” com um tipo qualquer, vão com ele, sozinhas, para os seus carros, as suas casa ou sítios ermos. Aí sim, reside o perigo.

Compreendo ainda assim que estes conceitos se misturem, até porque tendencialmente as mulheres que que assumem estes comportamentos, por norma, vestem-se de forma “provocatória”. Mas o perigo, por si, não reside ai.

Volto a dizer, eu não vou tanto pela roupa que envergam mas sim pelos comportamentos que adoptam.

Aliás, apoio incondicionalmente a liberdade da escolha de roupas (para mim, dentro do limite da razoabilidade, e adaptada as circunstâncias, mas uma vez mais, isso sou eu).

Gostaria eu de poder usar os meus decotes – que de resto até são bastante normais – sem que os homens ficassem a olhar como se nunca tivessem visto mamas na vida deles.

E nessa perspectiva apoio esta marcha. Chega de desculpar os homens que se comportam como um cão com o cio cada vez que vêm umas mamas mais robustas e umas pernas mais expostas. Somos pessoas e não objectos. Podem olhar, lavar as vistas, até ficar com um sorriso interior porque estão a ver algo agradável à vista, mas get a grip, não é necessário dispararem comentários javardolas, ficarem a babar ou não conseguirem olhar para os olhas da mulher tal é a fixação no decote…e muito menos tentar obter à força o que não lhes é concedido.

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